quarta-feira, fevereiro 22, 2006

A Lei do Desejo... (Intro)

O desejo é talvez o maior mistério. É aparentemente o verdadeiro motor das nossas vidas, aquilo que nos faz agir da forma que agimos, para o bem e para o mal (se ainda acreditas que és tu que rege o show, talvez ainda não tenhas lido o suficiente deste blog).
Se a vida é feita de escolhas, então mais do que nós próprios, os nossos desejos é que as fazem. Somos capazes dos maiores feitos ou das maiores degradações, quando agimos motivados pelo desejo.

Buda (e basicamente toda a comunidade espirito-religiosa desde então, algumas facções usando de requintes de crueldade) pintou o desejo como uma coisa, bem, digamos que MÁ! Ou melhor PÉSSIMA!
E realmente pode ser. Mas se eu não tiver o desejo todos os dias pela matina, de pôr os pés fora da cama e trabalhar, não imagino que bem possa vir ao mundo (pensando bem, há dias que mais valia lá ficar, pró meu bem e do mundo, mas neste exemplo estou a falar hipoteticamente, de uma pessoa que, ao contrário de mim, trouxesse algum bem ao mundo).

Bem, na verdade não estou a ser correcto. O que realmente é mau não é o desejo, se entendermos o desejo, rigorosamente, como essa força motivadora (para o bem e para o mal mas não necessariamente). O problema é o apego - ou seja, a nossa incapacidade de controlar o desejo - essa nossa tendência para nos tornarmos dependentes de tudo e de todos (e a consequente série de desgraças que essa auto-inflingida escravidão traz sobre nós em particular e o resto do mundo em geral)!
Esse animal selvagem que é o desejo, pode ser uma tremenda ajuda... se o conseguirmos domar. Mas será com toda a certeza uma imensa fonte de problemas, se o deixarmos andar à solta.

Se algum propósito superior haverá para o desejo, esse facilmente se confundirá com o seu lado inferior se não mantivermos uma vigilância apertada (daí também a admoestação persistente, pois raros são os que a ele não sucumbem). É difícil? Claro, senão que interesse haveria? (que mérito haveria?) Mas o importante é que todos nós temos como exame de graduação a superação dessa prova.

Se não fosse possível, desejável, e garantidissimamente alcançável, que cada um de nós ultrapassasse com sucesso essa aprendizagem e se tornasse assim o melhor de si, em vida, - o que nos distinguiria de simples animais pavlovianos, agindo com base na busca de gratificações primárias e na aversão de penalizações?

Antes de prosseguirmos, uma declaração de intenções: daqui para a frente não quero (e tu também não deves!) julgar (-me ou –te)... Teria que me julgar a mim próprio para começar e já deixei de achar isso produtivo, pois mais não conseguiu que aprisionar-me ainda mais.

O que está feito, está feito. É hora de pensar no que PODES fazer daqui para a frente.

Tudo tem um propósito, e todas as coisas que já fizemos (ou não fizemos), no fogo da paixão (boa e má), serviram sem dúvida como lições (por vezes dolorosas) que aprendemos, mas foram e sempre serão (NUNCA DUVIDES DISSO!) necessárias e indispensáveis, para nos trazer AQUI! Cada pessoa tem o seu caminho, mas todos conduzem ao mesmo lugar donde nunca devíamos ter saído (ou devíamos, senão nada disto fazia grande sentido – mesmo assim, pfff.. é preciso ter fé).

No fundo, no fundo, não temas, e não te condenes. Se não fosses boa pessoa, se não tivesses uma grande missão, não estavas a ler isto ;-)

A grande questão então: para que serve o desejo, e como usar o seu lado bom, sem sermos destruídos pelo seu lado mau!?

Só de leres a pergunta já começas a ver a resposta... hehehe (trust me, estás mesmo... mesmo que ainda não o saibas)

O importante é que começamos a ver o problema na sua totalidade. Aceitámos que estávamos com um problema, para começar (senão já aqui não estávamos), e isso é bom. Estamos a parar para pensar, e está a dar certo. Às vezes a bactéria que te ataca vive no mesmo meio que a bactéria que te cura (onde se alimenta, toda contente, da bactéria que te ataca).

Talvez o problema seja a sua própria solução. (hum......)

Já lá vamos, mas primeiro temos que deixar esta ideia amadurecer. Crescer na terra fértil das nossas cabeças bem adubadinhas (ena, que linda palavra), e desabrochar numa linda flor...

Tem calma, que nada de bom se consegue sem esforço.